Carta elaborada pela CDL Erechim e por empresários do setor de eventos local é protocolada na Casa Civil do Governo Estadual
Uma carta endereçada ao Governador do Estado, Eduardo Leite, foi protocolada, no dia 26 de abril, na Casa Civil. A carta foi elaborada após reunião entre diversos representantes do setor de eventos da região, que foram recebidos pela diretoria da CDL Erechim na sede da entidade. A reivindicação do setor é para o retorno ao trabalho.
Para Osmar Piovesan, um dos representantes do setor de eventos participantes da reunião “esta carta representa uma esperança para o setor de eventos e todas as empresas que dependem do setor”.
A presidente da CDL Erechim, Rosangela Spiazzi Truylia, comenta que “a CDL de Erechim entende que o setor de eventos foi um dos mais prejudicados durante a pandemia de Coronavírus que dura há mais de um ano”. Para ela “o setor de eventos formal engloba uma cadeia muito grande de empresas e profissionais que dependem deste trabalho para a sua sobrevivência. Muitos estão se reinventando e atuando em áreas diferentes deste setor; mas isto não é o suficiente. Entendemos que, com todos os cuidados e observando os protocolos sanitários recomendados é possível retomar aos poucos os eventos. Um evento, por menor que seja, mobiliza significativamente muitas áreas do comércio e de prestadores de serviço, como salões de beleza, lojas de vestuário e calçado, de aluguel de roupas, dos mais diversos tipos de presentes, padarias e confeitarias, empresas de locação de espaços, de som, de iluminação; então são muitas pessoas envolvidas que dependem destes trabalhos para garantir o sustento do lar; são muitas famílias que estão seriamente impactadas há mais de um ano. A CDL Erechim apoia esta reivindicação e está junto com este segmento com o retorno dos eventos. A CDL, sempre que procurada, se manifestará favorável aos empreendedores e à manutenção do emprego. Afinal, para nós, todo trabalho é essencial”, finaliza a presidente da entidade.
Confira a íntegra da carta:
Exmo. Sr. Eduardo Leite
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
Desde o início da pandemia, há mais de um ano, o setor de eventos vive sob um sentimento de incerteza. O setor “formal” de eventos foi um dos primeiros a ser privado do direito ao trabalho e permanece até hoje nesta condição.
Precisamos ressaltar que, representamos o mercado “formal” de eventos e não temos nenhuma relação ou vínculo com eventos clandestinos, estes sim sem nenhum compromisso nos esforços de evitar a propagação do vírus em nossa sociedade.
Somos parceiros incondicionais da saúde pública mas, literalmente, estamos paralisados.
Representamos um segmento que é uma verdadeira engrenagem e que abrange mais de 70 setores da economia, como os seguintes citados:
- Decoração
- Assessoria e Cerimonial
- DJs
- Bandas
- Casas de Eventos
- Fotógrafos
- Cinegrafistas
- Lavanderia
- Catadores de latinhas
- Lojas de artigos de festas
- Lojas de produtos descartáveis
- Empresas de fretes e transportes
- Floriculturas
- Produtores de flores
- Padarias
- Lojas de aluguel de roupas de festa
- Empresas de sonorização
- Empresas de iluminação
- Bartenders
- Animadores de festas
- Garçons
- Recepcionistas
- Celebrantes de Casamentos
- Mestres de Cerimônias
- Recreacionistas
- Auxiliares de limpeza
- Seguranças
- Mercadores
- Artesãos
- Açougues
- Produtores rurais (legumes, hortaliças, frutas)
- Salões de beleza
- Lojas de bazar e presentes
- Lojas de venda de acessórios
- Lojas de viagem (pacotes de lua de mel)
- Hotelaria
- Lojas que vendem material de limpeza
- Aluguel de carros
- Papelarias
- Restaurantes
- Barbearias
- Estéticas
- Doceiras
- Locação de brinquedos infantis
- Gráficas
- Atacados de bebidas
- Vinícolas (vinhos e espumantes)
- Pedicures e manicures
- Maquiadores
- Lojas de produtos personalizados
- Cervejarias
- Casas de show
- Clubes Sociais
- Coreógrafos
- Lojas de vestuários
- Lojas de calçados
Segundo dados da ABRAFESTA (Associação Brasileira de Eventos Sociais) o mercado de eventos formal movimenta, num ano considerado normal, mais de R$ 210 bilhões de faturamento e gera R$ 48 bilhões em impostos, representado cerca 4.32% do PIB do país. Conta com 60 mil empresas na cadeia de serviços e gera mais de 1,9 milhões de empregos diretos e indiretos.
Somente no RS, o mercado movimenta, por ano, R$ 2 bilhões e gera 500 mil empregos diretos e indiretos. Segundo levantamento do Sebrae, a pandemia afetou 98% do segmento. É um número gigantesco. Os negócios ficaram paralisados.
Na cidade de Erechim, no início ano de 2020, existiam mais de 250 empresas registradas (CNPJ), com trabalho formal na cidade, gerando mais de 7 mil empregos diretos e indiretos.
Atualmente, já perdemos as contas de quantas empresas encerraram as suas atividades. São centenas de pessoas sem emprego e inúmeras famílias passando por necessidades, inclusive necessitando de auxílio com cestas básicas e ajuda de amigos pois não conseguem exercer as suas atividades.
Sabidamente, neste período de tempo, a atividade foi amplamente impactada, estancando a dinâmica mais importante em qualquer economia, de gerar renda e, consequentemente, empregos.
Estamos à beira de um colapso, onde muitos estão a ponto de decretar falência, pois não tem mais como arcar com seus compromissos, com acúmulo de dívidas, impostos, empréstimos bancários; e o pior: tendo que devolver dinheiro de eventos cancelados. São anos de estudos e de experiência; sonhos que estão sendo destruídos. É muito difícil ver anos de luta sendo perdidos.
Soma-se a isso graves problemas de saúde como depressão e crise de ansiedade. Temos exemplos próximos de casos de colegas de profissão, na vizinha cidade Chapecó/SC, que cometeram suicídio.
Vivemos sob um sentimento de angústia e de incerteza.
Queremos unicamente o direito de trabalhar.
Precisamos manter nosso sustento e de nossas famílias; garantir o pão de nossas mesas e as necessidades básicas como luz e água. Salientamos que nem auxílio emergencial nos foi aprovado. Mas os impostos, IPVA, não foram isentados.
Não vemos nos financiamentos bancários uma solução definitiva; quem os fez, está endividado, porque não conseguiu voltar a trabalhar e agora, além de tudo, não tem como pagar as parcelas destes empréstimos. Foi uma solução momentânea que virou um problema duplicado.
Para exemplificar, no final de 2020, com a permissão dos protocolos, tivemos a oportunidade de realizar poucos e pequenos eventos. Para demonstrar o quanto nossas empresas prezam pela vida e são responsáveis, todas tiveram o cuidado de fazer listas de presença com nome e telefone de todos os convidados que, após, foram monitorados. E, não tivemos durante todo este processo nenhum caso de COVID confirmado entre todos os envolvidos.
Temos a certeza de que precisamos aprender com a adversidade. Por isso acreditamos que com protocolos adequados e seguros podemos buscar uma saída, revendo conceitos e retornando os eventos sociais.
Inclusive, acreditamos fielmente que essa volta dos eventos “formais” ajudará a reduzir significativamente a clandestinidade.
É muito mais garantido realizar um evento em um local seguro, com supervisão de profissionais competentes e que seguirão os protocolos adotados, do que a clandestinidade incontrolável. Sem dúvida nenhuma é muito melhor fazer um evento num local amplo com profissionais capacitados, do que numa garagem de uma casa, por exemplo.
Somos a favor da vida, porém contrários as medidas injustas e desproporcionais.
Um detalhe importante a ressaltar é que setores semelhantes estão atuando e liberados a trabalhar, com as devidas restrições. Neste tocante não conseguimos entender esta visão diferenciada onde há protocolos seguros para centenas de atividades, exceto a nossa.
Somos sabedores de vossa capacidade de gestor e esperamos sinceramente que o se sensibilize ao apelo realizado pelo setor de eventos em nível local, regional e estadual.
Por isso, novamente, clamamos, Governador, a vossa compreensão e o apoio. Afinal, todo trabalho é essencial.
Aguardamos vosso deferimento.
Atenciosamente,
Assinam: Representante do Setor de Eventos e da CDL Erechim